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Relato de viagem por Patrícia Lima

Um texto por Patrícia Lima

Quem falou que você não é ativista?

Estou no Cairo/Egito, a caminho de Sharm El Sheikh, para realizar um sonho que eu nem mesmo imaginava que realizaria na minha vida. A convite da ONU, estou indo apresentar o nosso case de sustentabilidade que criamos diariamente na Simple Organic na COP27, a maior conferência sobre sustentabilidade e mudança climática do planeta.

E aqui, sentada nesse avião, fiquei refletindo muito sobre toda a minha trajetória, como fui rotulada e tantas vezes descredibilizada. Inúmeras vezes afirmei para diferentes pessoas que a palavra “ativista” representava muito tudo o que pensava para a minha marca, mas o peso que a palavra carrega, não era compatível com uma startup ou beauty tech (como prefiram chamar). Muitas vezes, me disseram que não era possível ser ativista no mercado de beleza, muito menos ativismo tinha a ver comigo. E eu pensava: “Como assim? Pelo modo que me visto? Como levo a minha vida? Da forma que falo?” Para ser ativista tinha um conceito pré-estabelecido de comportamento ou qualquer outro elemento que remetesse ao imaginário popular quando o assunto é esse? Confesso que nunca entendi direito a imagem que eu passava para que pensassem que isso não me pertencia, mas ignorei cada opinião e segui o meu caminho. Fiz o ativismo da minha maneira, com o meu olhar empreendedor, me comunicando da forma que sempre fiz e plantei esse conceito diariamente pelos últimos cinco anos.

Hoje, a caminho da maior conferência sobre mudança climática, vejo que construí uma das maiores plataformas de ativismo do nosso país. Me emociono em ver tudo que construímos juntos, não apenas faço a minha parte, como ajudamos muitas pessoas a mudar o seu hábito de consumo.

Ao fazer da Simple, uma marca popular e democrática, pude levar sustentabilidade e impacto positivo para pessoas que não estão tão conectadas com o assunto. Ao ter uma rígida política de embalagens, elevo a régua do mercado quando o assunto é reciclagem, ao ser uma marca indie que entra para um grande grupo de capital aberto, mudo os paradigmas do conceito de que sustentabilidade é apenas um ideal, que não está alinhada ao mercado financeiro, ao levar produtos com matérias-primas orgânicas brasileiras para a passarela das maiores Semanas de Moda do mundo, mostro que é possível tornar fórmulas limpas em produtos de desejo.

O meu ativismo, virou o ativismo de muitos, de uma enorme comunidade que nos apoia. Ainda está longe de ser perfeito (perfeição nem é o objetivo) mas representa uma mudança gigante na forma de consumir beleza sustentável no Brasil. Ainda somos poucas marcas sustentáveis no nosso país, tenho orgulho de cada uma delas, porque sei como a nossa batalha é enorme perante a tanto greenwashing, mas o surgimento de novas marcas independentes me enche de orgulho desse movimento.

Por isso, quero deixar registrado aqui, para você que está lendo esse artigo, que não há regra para buscar o bem. Não há formato pré-estabelecido no ativismo, ele pode vir de diferentes maneiras, o importante é que você encontre a sua voz, a sua própria maneira de lutar pelo que acredita. E ninguém tem o direito dizer como você deve se posicionar ou como deve fazer, principalmente quando uma atitude sua pode impactar o futuro do planeta.

Beijos, Patrícia Lima

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