A importância do Dia do Orgulho Lésbico
Você sabia que antes de LGBTQIA+, a comunidade era chamada pelo termo GLS? A sigla visava contemplar Gays, Lésbicas e Simpatizantes - representando até mesmo os heterossexuais que apoiavam o movimento -, e apesar de ter sido criada para fins mercadológicos de divulgação do Festival Mix Brasil de 1994, acabou caindo no vocabulário do povo brasileiro.
Na época, já era utilizado o termo LGBT em outros países para se referir a Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transsexuais, trazendo a identidade de gênero juntamente com a sexualidade. Com isso, o próprio Festival Mix Brasil reconheceu o GLS como uma sigla excludente, e em 2008, passou a se usar também no Brasil, a sigla LGBT.
Mas por que, nessa mudança, o L de "lésbicas" veio à frente do G de "gays"?
Historicamente, mulheres lésbicas sempre foram um grupo mais incompreendido pelos padrões conservadores. Além do preconceito e da incompreensão, essas mulheres sempre sofreram com a fetiches héteros masculinos e sexualização de seus corpos. A mudança então, ocorreu através da luta feminista para a valorização das lésbicas no âmbito da diversidade cultural.
Dia Internacional do Orgulho Lésbico
Com a mudança da sigla, e com o passar do tempo, a luta das mulheres lésbicas vem ganhando cada vez mais espaço. No mês de agosto, e mais especificamente no dia 19, é celebrado o Dia do Orgulho Lésbico. A data surgiu em 1983 com o Galf (Grupo Ação Lésbica Feminista).
Entenda o contexto:
Durante a ditadura militar, ocorria no Ferro's Bar, em São Paulo, encontros entre grupos oprimidos, como os comunistas e também entre as mulheres lésbicas. Um certo dia, o dono do bar chamou a polícia para acabar com os encontros, alegando ser contra a a venda do “Chanacomchana”, um jornal produzido pelas mulheres do Grupo Ação Lésbica Feminista que circulou entre 1981 e 1987 na cidade de São Paulo que debatia questões como a legalização do aborto, relacionamentos entre mulheres, maternidade e a perseguição da Polícia Militar contra lésbicas.
Imagem do jornal Chanacomchana
Diante do contexto, em 19 de agosto de 1983, mulheres do Galf deram início a um protesto no Ferro's Bar, ato que ficou conhecido como "o pequeno Stonewall brasileiro".
Ativistas lideradas por Rosely Roth invadiram o interior do Ferro’s e leram um manifesto contra a censura do bar, exigindo o respeito às mulheres lésbicas e que a venda do "Chanacomchana" fosse permitida, uma vez que elas eram as principais clientes do estabelecimento.
Surpreendentemente, após a leitura do manifesto, o dono do bar voltou a permitir o comércio do jornal, e também pediu desculpas às mulheres. Rosely Roth faleceu em 19 de agosto de 2003, e com isso, foi eternizada a data em sua homenagem como o Dia do Orgulho Lésbico.
Rosely lendo o manifesto lésbico em 1983, no Ferro's Bar
Após a morte de Rosely Roth, com a vinda dos anos 1990, houve crescimento nas maneiras de exercer o ativismo lésbico. Em 1996 houve o I Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE) , no Rio de Janeiro. O evento contou com a participação de cerca de 100 lésbicas, onde foi escolhido o dia 29 de agosto como Dia Nacional pela Visibilidade Lésbica.
Porém, apesar da visibilidade através da fundação das datas citadas e também das conquistas feministas, é importante citar que ainda há um grande caminho a ser percorrido na luta por direitos da mulher lésbica.
Qual o meu papel na luta pela visibilidade lésbica?
Dar voz: empregar mulheres lésbicas, doar para ONGs que apoiem a causa lésbica, apoiar o relacionamento de mulheres lésbicas, ouvir e apoiar sua amiga quando ela fala que se interessou por outra mulher, são pequenas ações que se implementadas diariamente, podem ajudar a vencer os preconceitos de uma sociedade conservadora e ainda tão machista. A luta é de todas (e de todos) nós também!
Gostou do nosso conteúdo? Tem alguma sugestão de pauta ou alguma história que gostaria de compartilhar? Conta pra gente nos comentários!
Fontes:
Por que substituímos a sigla “GLS” por “LGBTQIA+”?
Revista Híbrida